Alegria no Sofrimento

Como é possível viver feliz sofrendo, ou melhor, como é possível
encontrar a felicidade no sofrimento?

Segundo o fundador de nossa Comunidade, Leonaldo Cordeiro, existe duas formas de sofrer: o sofrimento para o mundo, ou seja, o sofrimento que nos faz infeliz; e o sofrimento para Deus, que nos redime. Somos nós que escolhemos como e para quem queremos sofrer. E é dentro dessa segunda perspectiva que eu venho tentando viver, olhando sempre para a vida de Leo (meu fundador), para a vida dos santos e para o que nos ensina a Santa Igreja.

Quando eu sofro, eu procuro fazer dos meus sofrimentos, dos momentos de dificuldades que passo, um meio de me encontrar com Deus; de encontrar a Sua vontade para a minha vida. Por meio da oração, eu procuro compreender por que Deus está permitindo que eu passe por determinada situação; e é por isso que eu encontro (no sofrimento) um motivo de entregar minha vida ainda mais a Deus.

Jesus se entregou inteiramente ao Pai e se dispôs a sofrer (a passar pelo que Ele passou: morte de cruz) porque Ele sentiu prazer em doar sua vida por nós. E isso me faz entender que o meu sofrimento não é em vão; porque o sofrimento não deve matar a minha vida nem a minha alegria; pelo contrário, nele eu preciso perceber que Deus está me dando a oportunidade de santificar os meus dias.

Eu costumo dizer que, quando eu sofro, eu estou tendo a oportunidade de me aproximar mais de Deus, de fazer com que a minha vida se torne igual a vida de Cristo; porque o sofrimento, nessa dimensão , tem o poder de redimir, pois quando eu uno o meu sofrimento ao sofrimento de Cristo ele se torna redentor. É preciso unificar a nossa dor a dor d’Ele, porque só assim nós vamos experimentar essa redenção que nos projeta cada vez mais para o céu. Só assim é possível fazer com que o nosso momento de dor se transforme num momento de gozo espiritual. E é essa visão que nos ajuda a (re)direcionar - para o céu - tudo aquilo que é motivo de dor, de angústia.

Dentro da minha caminhada na Comunidade Crux Sacra, eu tenho aprendido que viver Cristo crucificado é experimentar tudo quanto Ele experimentou na minha realidade, hoje, na minha vida, na minha carne; buscando fazer disso um trampolim para chegar perto d’Ele.

Por essa razão, eu sofro não porque gosto de sofrer; eu sofro porque preciso me santificar, é diferente. Eu aceito o sofrimento porque é o meio de chegar mais próximo de Jesus, do Cristo crucificado; não do Cristo infeliz, mas do Cristo feliz porque deu a vida por nós, fazendo a vontade daquele que o enviou: o Pai. E porque Deus tem o poder de transformar o sofrimento em graça, Ele vai me ensinar a viver dessa forma. E é isso que tem me colocado de pé todos os dias.

A receita para manter a fidelidade no sofrimento é reconhecer que quando você sofre, você não está sozinho, Cristo está com você. A alegria, a felicidade se encontra na esperança. Nossa esperança é uma pessoa: Jesus Cristo, nosso Senhor. Dessa forma, quando unifico o meu sofrimento ao de Cristo, consequentemente cresce em meu coração a esperança; pois quando eu espero n’Ele, eu me sinto feliz, porque não é vã a minha esperança.

Seminarista José de Assis (membro consagrado da Crux Sacra)