Ser livre é ser o que Deus quer


Os tempos atuais tem exigido de nós cristãos uma postura mais firme diante das nossas escolhas e, sobretudo diante de nossa fé.
Muitas vezes em nossas igrejas temos encontrado cristãos que não “caminham sobre as águas”, que estão muito acostumados com a tranqüilidade da vida, onde estar bem é estar sem preocupação ou sem problemas para resolver e, na verdade não foi esta a paz que Cristo nos ofereceu. Ele nos disse: “No mundo tereis aflições, mas tende coragem eu venci o mundo”. A nossa tranqüilidade deve estar em termos o Senhor do nosso lado, pois se assim for tudo será possível.
O livro do Eclesiástico nos diz no capítulo segundo que “se entrarmos para o Reino de Deus devemos preparar a nossa alma para a provação”, em outras palavras para percebermos se somos capazes ou não de nos assemelharmos Aquele que nos chamou, daí quando ele diz: “Prepara a tua alma”, pois se alma, a essência está firmada com certeza ela subjugará a carne e esta estará sob o seu domínio.
Em nossos dias a busca desenfreada pelo prazer tem corrompido a essência do homem, ou seja, a capacidade de ser como Deus. O mundo tem nos feito acreditar que não somos capazes de uma vida de santidade, de uma vida de amor e por causa disto o homem se tornou escravo de sua própria concupiscência.
Tanto é que o conceito de liberdade é fazer o que eu quero na hora que eu quero, isso tem nos tornado uma raça imediatista, que não saber esperar, que em busca da satisfação pessoal percorre o caminho das facilidades, porém sem coerência. Desta forma progressivamente em vez de livre torna-se a cada dia mais escravo de suas vontades e como conseqüência incapaz de se assemelhar a Deus.
A Palavra nos mostra o quando Deus é livre, livre para vir até nós por meio dos profetas, livre ao ponto de em seu filho Jesus entregar-se por nós. Talvez fosse mais natural diante de nossas misérias e pecados sermos abandonados pela divina bondade, mas para escândalo nosso Ele decidiu-se por nós, como que dissesse: “Eu acredito que você ainda tem jeito!” O que dizer quando olhamos pra cruz. Ali se expressa um amor que o nosso raciocínio humano não pode alcançar, uma sabedoria que ultrapassa a nossa lógica. Um Deus que assume o pecador para restituir-lhe a sua dignidade, que nos mostra que temos valor mesmo que este esteja soterrado pelos abalos mundo ocasionou em nós.
É preciso acreditar nesse amor, tal fé nos fará ir além dos desafios que encontramos em nossa vida de santidade, no nosso serviço dentro da igreja. Muitas pessoas não progridem porque não acreditam nesse amor, e não se percebem amadas. A falta de amor atrofia a vida cristã, torna-a infértil, irresponsável. Quando me sinto amado, desejo corresponder ao meu amante, se não tanto faz, torno-me indiferente.
Os grandes gigantes da nossa fé foram pessoas que viveram uma profunda experiência de amor com Deus e, por causa disso foram capazes de romper com os limites do seu tempo e até de entregar a suas vidas como resposta de amor, foi assim com o próprio Cristo.
Quem ama torna-se responsável. Daqui já podemos fazer um questionamento. Como tem andado em minha vida cristã, sou uma pessoa responsável? Tenho feito a minha parte ou a indiferença tem tomado conta do meu coração ao ponto de não me sensibilizar com as necessidades que percebo?
A indiferença gerada pela falta de amor anda destruindo muitos corações, fazendo com que muitos cristãos se acostumem com a “boa vida”, evitando falar de determinados assuntos ou preferindo não fazer certas perguntas que poderão causar revolução. A Palavra nos ensina que é na adversidade que se manifestarão os verdadeiros filhos de Deus, escolher a “boa vida” é permanecer na mediocridade, é covardia.
Somente quem ousa cresce.
De que adiante uma vida sem desafios? Por que fechar os olhos diante de tantas questões a se resolver? O Senhor nos escolheu para que façamos a diferença nos ambientes em que estamos, a começar da sua casa, mas é preciso coragem ou melhor, é preciso sentir-se amado, ou seja, capaz de vencer, de ir além dos limites.
Ser livre evangelicamente falando é decidir-se por deixar as mesmas marcas que Cristo deixou, marcas de amor de solidariedade, implantar no mundo o Reino de Deus. Reino que é feito de pessoas semelhantes, mas uma semelhança que parte de dentro para fora, de verdadeiros seres humanos, de homens e mulheres que com sua forma de viver contribuem com crescimento uns dos outros, onde liberdade é fazer o que eu realmente preciso e o que contribui para a edificação do meu próximo, mesmo que me custe a vida.
“Quando me percebo livre e responsável me idêntico com Aquele que me chamou e começo a romper os limites” (Leonaldo Cordeiro).